A adolescente grávida Isabele Raiane de Bonfim, de 17 anos, foi assassinada pelo companheiro com um tiro na narina direita enquanto estava deitada, segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) no último sábado, 28. O crime aconteceu em junho, em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.
De acordo com o documento obtido pela Banda B, Ruan dos Santos Martins matou a jovem com o disparo por volta de 00h10. O tiro, diz o MP, produziu “lesões crânio encefálicas, sendo essa a causa eficiente de sua morte”. Para o órgão, o crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
“Ruan […], efetuou o disparo de forma repentina enquanto a vítima estava deitada na cama do quarto, restando, por conseguinte, impossibilitada sua chance de defesa. Ademais, a vítima era gestante”, afirma o MP, que reconheceu motivo torpe no crime e o aborto provocado pelo suspeito.
Ruan dos Santos Martins teria matado a companheira após ter descoberto antigos relacionamentos dela e estava sob efeito de álcool naquele momento. Logo após o disparo que atingiu Isabele, a irmã dela — e cunhada de Ruan — teria entrado no quarto e sido enforcada. O suspeito a ameaçou para que não ligasse para a polícia e não contasse o que havia acontecido, segundo o MP.
Durante as supostas ameaças, Ruan teria dito à cunhada: “Se contar para alguém, a próxima será você”.
Suspeito denunciado por quatro crimes
Ruan dos Santos Martins foi denunciado por feminicídio com várias qualificadoras: motivo torpe, crueldade, contra uma mulher grávida e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele também foi denunciado pela morte do bebê que Isabele esperava.
Além disso, Ruan responde por agressão contra a irmã de Isabele, considerada contravenção penal, e por ameaça. Esses dois últimos crimes ocorreram no mesmo contexto de violência doméstica. O Ministério Público pede que ele responda por todos os crimes de forma acumulada, o que pode aumentar a pena em caso de condenação.
O suspeito tem um prazo de dez dias para apresentar respostas às acusações. Por outro lado, o Ministério Público solicitou a produção de novas provas e que seja fixada uma indenização por danos morais de no mínimo R$ 150 mil contra o acusado.
Por fim, o Ministério Público pediu a manutenção da prisão preventiva de Ruan. Ele está preso na Cadeia Pública de Curitiba.
Ele se entregou à polícia no último dia 18, após passar quase duas semanas foragido pela morte da adolescente. O homem nega ter matado a companheira. Além disso, o suspeito já era procurado desde 2023 por ter executado três pessoas da mesma família.
O que dizem as defesas
Em nota, o advogado Jean Campos, que defende a família de Isabele, afirmou à Banda B que a denúncia representa “um passo necessário diante da brutalidade dos fatos e da dor que abalou toda uma família”.
“Ao também responsabilizar o réu pelos crimes de ameaça e agressão contra a irmã de Isabele — uma adolescente que assistiu parte do ocorrido —, a acusação reconhece que ela não apenas presenciou a violência, mas também foi vítima direta dela. Qualquer tentativa de culpabilizá-la é injusta, insensível e desrespeitosa com sua condição de vítima”, diz trecho da nota.
Já o advogado de Ruan dos Santos Martins afirmou que seu cliente é inocente e avaliou que a denúncia oferecida pelo MP é “precipitada”.
“A alegação da defesa é que, neste caso em específico da morte, ele é inocente. Não foi ele que cometeu o feminicídio. Isso é um fato! Inclusive, falta prova para produzir e o Ministério Publico, ainda com provas a produzir… Eu acredito que foi muito precipitada essa denúncia. No mínimo, teria que ser aguardada a produção dessa prova. Mas, melhor para a defesa: vai ser ainda mais fácil provar que o Ruan não cometeu esse crime”, disse Rogério Nogueira.
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