Maringa

Aeroporto de Maringá vive transformação histórica e se prepara para ser o maior do Sul do Brasil

Aeroporto de Maringá vive transformação histórica e se prepara para ser o maior do Sul do Brasil

Ronaldo Nezo

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

O Aeroporto Regional de Maringá vive uma fase de crescimento. Modernização tecnológica, aumento de voos, novos contratos comerciais e obras milionárias colocam o terminal entre os mais promissores do Sul do país.

Esses e outros detalhes estão no novo episódio do podcast Ponto a Ponto, do Jornal Maringá Post, apresentado por Ronaldo Nezo e com produção da V Mark Estúdio. O convidado é Gustavo Vieira, superintendente do aeroporto, que detalha o que está em andamento e o que vem pela frente.

“Nos últimos meses, conseguimos resultados históricos. O aeroporto se tornou superavitário, reinvestiu recursos próprios e bateu recordes em passageiros e operações”, afirma Vieira. “Hoje, Maringá é o segundo maior aeroporto regional do Sul do Brasil e queremos chegar ao primeiro lugar até 2028.”

Crescimento e virada de gestão no Aeroporto de Maringá

Desde o início de 2025, o aeroporto passou por uma reorganização administrativa e operacional. Segundo Gustavo Vieira, a chave foi implantar uma gestão com foco em eficiência e prospecção técnica, aproximando o modelo de operação pública à lógica de uma empresa privada.

Hoje, o terminal gera cerca de R$ 4 milhões em receita mensal e já repassou R$ 1 milhão à Prefeitura de Maringá. Além disso, mais de R$ 2 milhões foram reinvestidos em melhorias diretas no aeroporto, com recursos próprios.

“Quando cheguei, encontrei uma estrutura analógica. Trouxemos o aeroporto para uma nova fase digital e, principalmente, de autonomia financeira. Tudo isso sem depender de repasses públicos”, explica.

Com 80 voos semanais, o Aeroporto de Maringá superou o de Londrina, seu principal concorrente regional. Num único mês, o terminal registrou 25 mil passageiros a mais do que o vizinho do Norte do Paraná, consolidando-se como o novo polo de transporte aéreo da região.

E-gates e digitalização do embarque em Maringá

Um dos destaques da entrevista é a implantação dos e-gates, as portas automáticas de embarque que devem modernizar completamente o fluxo de passageiros.

“Estamos instalando um sistema automatizado de leitura de cartões que triplica a capacidade de embarque. Será o primeiro do Paraná — nem Curitiba ou Foz do Iguaçu têm ainda”, destaca Vieira.

Além de reduzir filas, o sistema vai permitir a coleta de dados detalhados sobre os passageiros — como frequência de viagens e destino final —, informações que serão usadas para negociar novas rotas aéreas.

“Esses dados ajudam a mostrar para as companhias aéreas a real demanda da região. Com eles, conseguimos discutir a viabilidade de voos que hoje não existem, como um Maringá–Rio de Janeiro, por exemplo.”

Investimentos de R$ 118 milhões em obras e ampliação

Outro avanço expressivo é o pacote de obras assegurado por meio de cooperação com a Secretaria Nacional de Aviação Civil. São R$ 10 milhões para reforma e modernização da torre de controle e R$ 95 milhões para a ampliação e modernização do saguão de embarque, totalizando R$ 118 milhões em investimentos.

“Esses recursos já estão assegurados. Estamos na reta final das etapas burocráticas para iniciar a licitação das obras”, diz o superintendente.

O projeto prevê ampliação de 3,3 mil metros quadrados, instalação de três fingers, novos elevadores e escadas rolantes, além da modernização das esteiras de bagagem.
A obra também prevê a adoção do sistema Common Use, que permitirá o uso compartilhado e rotativo dos balcões pelas companhias aéreas, evitando ociosidade e filas.

Um dos fatores que aceleraram o processo foi a participação da sociedade civil. A Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) articulou a doação de projetos complementares — elétrico, hidráulico e estrutural — por parte de empresas da região, encurtando o tempo de tramitação.

“Sem essa mobilização, o projeto poderia demorar anos. A sociedade civil mostrou que acredita na força do aeroporto”, elogia Vieira.

Segurança e novas medidas para os passageiros

A reportagem também destaca as novas ações voltadas à segurança e atendimento emergencial. O aeroporto passou a contar com vigilantes armados, todos com câmeras corporais com reconhecimento facial e treinamento especializado em aviação civil, homologado pela ANAC.

“Esses profissionais estão preparados para lidar com situações de crise e atuar conforme protocolos de segurança. O sistema de reconhecimento facial é monitorado pelos órgãos policiais, garantindo maior proteção a todos”, explica.

Outra inovação é a compra de uma ambulância UTI própria, investimento de aproximadamente R$ 500 mil, para atendimento imediato em casos de emergência médica.

“Hoje temos estrutura completa: enfermaria, equipe de atendimento e agora uma UTI móvel. Se o passageiro precisa de remoção, nossa equipe faz o primeiro atendimento e o encaminhamento imediato”, relata o superintendente.

Internacionalização e polo aeronáutico de Maringá

O futuro do Aeroporto de Maringá também passa por projetos de internacionalização e expansão da aviação executiva. Já está em andamento o processo para permitir voos internacionais de pequeno porte, com aeronaves de até 12 passageiros.

“Há um público crescente da aviação executiva que ainda não é atendido aqui. Nossa meta é oferecer um terminal exclusivo para esse segmento, com operação três vezes por semana”, explica Vieira.

O plano de desenvolvimento inclui ainda a criação do polo aeronáutico de Maringá, que já tem uma empresa âncora confirmada, especializada em manutenção de aeronaves de grandes fabricantes como Boeing e Embraer.

“Essa empresa traz um efeito em cadeia: gera empregos, demanda mão de obra técnica e viabiliza a ampliação da pista para aeronaves de carga de grande porte, como o Boeing 777”, afirma.

A ampliação prevista é de 1.150 metros, o que permitirá operações com aeronaves mais modernas e eficientes. “Estamos preparando o aeroporto para os próximos dez anos. Hoje, gestão aeroportuária é negócio — precisa ser técnica, rentável e profissional”, completa o superintendente.

Educação e sustentabilidade: o aeroporto nas escolas

Encerrando a conversa, Gustavo Vieira fala sobre o projeto SBMG nas Escolas, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação de Maringá. A iniciativa leva às escolas municipais atividades sobre segurança, meio ambiente e cultura organizacional.

“Queremos que as crianças entendam desde cedo a importância de respeitar o entorno do aeroporto — não soltar pipa, não jogar lixo. É educação e consciência cívica”, diz.

O programa faz parte da política ESG (ambiental, social e de governança) que vem sendo implantada no aeroporto e que deve render novas certificações até o fim do ano.

O aeroporto como motor do desenvolvimento regional

Com números em alta, novas rotas e obras em andamento, o Aeroporto de Maringá se consolida como um motor de desenvolvimento para toda a região Noroeste do Paraná.

A entrevista de Gustavo Vieira revela um modelo de gestão que combina eficiência pública, inovação tecnológica e articulação social — um exemplo de como infraestrutura e visão estratégica podem impulsionar o crescimento local.

O episódio completo do Ponto a Ponto com Gustavo Vieira, apresentado por Ronaldo Nezo, está disponível no canal do Maringá Post no YouTube. A produção é da V Mark Estúdio.