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Defesa da família Buscariollo apresenta álibi, alega ameaças aos clientes e critica a Justiça

Um mês após o desaparecimento de quatro homens em Icaraíma, o advogado Renan Nogueira Farah apresentou novas informações à investigação e afirmou que seus clientes são inocentes. Ele divulgou ao site OBemdito imagens de Carlos Henrique Buscariollo, que não é considerado foragido, mas também é investigado, para sustentar um álibi.

“Solicitamos que fossem juntados aos autos uma filmagem de 05 de agosto, dia do desaparecimento, que mostra Carlos Henrique adentrando seu condomínio em Nova Odessa (SP), local inclusive alvo de busca e apreensão. Essa gravação é prova cabal de álibi, devendo ser imediatamente anexada à investigação”, afirmou o advogado.

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Foto: Reprodução

Farah acrescentou que a Defesa Civil de Santa Bárbara d’Oeste (SP) confirmou, via ofício, que Carlos Henrique prestou serviços ao município em 4 de agosto. O advogado também admitiu que a residência de Carlos foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Civil. Ele não divulgou a profissão de seu cliente.

Defesa alega riscos e falta de acesso aos autos

Renan Farah foi contratado por Antonio Buscariollo, de 62 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22 anos, no dia 12 de agosto, sete dias após o registro do desaparecimento. Ambos estão com prisão preventiva decretada e permanecem foragidos.

Segundo o advogado, a fuga da família ocorreu por ameaças de morte. “Meus clientes me contrataram não por saberem exatamente quem era ou não investigado, mas, por quem foi ameaçado de morte, pelos amigos das supostas vítimas. Por isso entramos no processo apresentando os álibis de todos eles”, disse.

Crítica à condução do processo

Sobre o acesso aos autos da investigação, o advogado critica a condução do processo. “Continuamos com o grande desafio de acesso ao processo. Tudo que nos foi liberado está absurdamente picotado, chamamos de um Frankenstein. A gente não tem acesso nem aos depoimentos dos meus próprios clientes na investigação. Não temos os fundamentos que justificam a decretação da prisão temporária”.

Compras em supermercado

A polícia encontrou notas fiscais de supermercado em Americana (SP), datadas de 6 de agosto, no nome de Carlos Henrique. Os itens incluíam alimentos, bebidas alcoólicas, energéticos e repelentes.

Para os investigadores, as compras indicariam apoio logístico à família após a fuga. Farah, entretanto, negou essa interpretação. Segundo ele, as mercadorias seriam destinadas à abertura de um bar por Carlos Henrique.

Famílias reagem com carta aberta

Enquanto a defesa apresenta álibis, as famílias dos desaparecidos divulgaram uma carta aberta na última segunda-feira (9), pedindo justiça e criticando a atuação dos advogados. “São fatos que não podem ser simplesmente apagados ou negados. Agora, tentam transformar a verdade em mentira, alegando que nada é verídico”, escreveram os familiares.

O documento afirma que moradores de Icaraíma relataram ter ouvido tiros no dia do desaparecimento e denuncia o medo que paira sobre a cidade. “Queremos ao menos a chance de dar um velório digno àqueles que foram arrancados de nós”, disse Meiriane Marascalchi, esposa de Rafael Juliano, um dos desaparecidos.

A defesa dos Buscariollo

O advogado Renan Nogueira Farah, que defende Antônio Buscariollo e o filho Paulo Ricardo, ambos foragidos da Justiça e com prisão preventiva decretada, sustenta que seus clientes não estavam no local apontado pela polícia como cenário do crime. Segundo ele, extratos telefônicos poderão comprovar a versão.

Farah justificou a fuga da família como uma forma de autoproteção após ameaças. Em entrevista, chegou a afirmar que os três cobradores podem estar vivos: “É preciso entender a vida que eles levavam, até por conta do trabalho que exerciam.”

Polícia Civil e as críticas

Em relação as críticas sobre a falta de informações, o delegado chefe da 7ª Subdivisão Policial de Umuarama Gabriel Menezes, disse que se trata de uma reação natural de quem perdeu pessoas próximas. “É compreensível essa angústia por parte dos familiares”.

Ele também destacou que, como os trabalhos de investigação são sigilosos, não é possível repassar informações às famílias. Dessa forma, é compreensível que eles fiquem com a impressão de que nada está sendo feito.

“Contudo, tem muito trabalho em andamento. Infelizmente, não podemos revelar os trabalhos para proporcionar esse conforto aos familiares, sob pena de prejudicar as investigações. No momento oportuno, eles vão compreender que esse sigilo foi necessário”, concluiu o delegado.

O caso

A investigação da Polícia Civil relaciona o caso do desaparecimento de quatro homens a uma suposta dívida envolvendo a família Buscariollo. Pai e filho teriam adquirido terras de Alencar e, além disso, não teriam pagado pelo negócio. Tal fato motivou a vinda do trio paulista para ajudar a cobrar a dívida. Desde então, todos desapareceram.

A polícia mantém as investigações sob sigilo. A principal linha de apuração é homicídio, mas outras hipóteses não estão descartadas. A população pode passar informações, de forma anônima, pelo telefone 181.

Com informações do site Obemdito.