A Previsão Subjetiva de Safra (PSS), elabora pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), divulgada nesta quinta-feira (26) mostra as previsões para as safras atuais referente à última segunda-feira (23), ou seja, ainda não mensura o impacto das geadas dos últimos dias, mas os técnicos do departamento anteciparam qual cenário esperar.
No geral, o clima mais frio colabora para o controle de pragas de todas as culturas, diminuindo custos para o produtor. Para o trigo, cultura de inverno, o frio pode favorecer novas brotações quando acontece durante desenvolvimento vegetativo, resultando em mais espigas e maior potencial produtivo.
Ou seja, o trigo não teve tantos prejuízos pela geada, como explica o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. “Na maior parte das lavouras, a geada aconteceu em um momento em que o trigo ainda não chegou em uma fase que pode ser tão prejudicada, já que cerca de 81% encontram-se em desenvolvimento vegetativo”, explicou.
No entanto, quando ocorrem durante o período reprodutivo podem causar perdas para o trigo. Assim, o problema pode estar nos 11% que se encontram em floração, fase em que a planta fica mais suscetível a danos pela geada, e 1% em frutificação, quando também pode ser prejudicial.
O documento aponta uma produção de 2,6 milhões de toneladas de trigo, 16% a mais que o ano anterior, que era de 2,3 milhões de toneladas em uma área 27% menor que 2024, de 1,13 milhão hectares para 833,4 mil.
A segunda safra do milho, que é uma cultura de verão, em maior parte já passou pelas etapas que podem causar grandes prejuízos, já que 63% já se estão em maturação. Porém, 36% ainda estão em frutificação e 1% em floração, fases suscetíveis. Ou seja, 1 milhão de hectares estavam suscetíveis a perdas por geada, principalmente no Oeste e na região de Campo Mourão. Por outro lado, o Deral explica que mesmo que hajam perdas de 20% nesta área, ainda sim seria uma safra histórica, superando o recorde anterior da safra 2021/22.
Antes das geadas, a previsão era de que fossem colhidas 16,5 milhões de toneladas (27% a mais que as 13 milhões colhidas no ano anterior) em uma área de 2,76 milhões de hectares (9% a mais que os 2,5 milhões de hectares no ciclo de 2023/24).
O Deral informa que o cálculo efetivo das perdas ocorridas pelas geadas deve ser feito de 7 a 10 dias após o ocorrido, com as primeiras informações podendo ser observadas na próxima terça-feira (1º de julho), através do Boletim de Condições de Tempo e Cultivo.
CAFÉ – O café também pode apresentar reflexos do frio, com problemas de qualidade em alguns grãos, já que 21% estão em frutificação e 79% em maturação. A previsão até então é de que sejam colhidas 43,1 mil toneladas, 7% a mais que o ano anterior (40,4 mil toneladas), da área de 25,4 mil hectares, 2% maior que a anterior de 25,4 mil hectares.
CEVADA – A cevada, que está 73% plantada, ainda está em maior parte em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo. O Deral prevê que a safra deve produzir 423 mil toneladas, 43% a mais que o ano passado, em uma área de 96,9 mil hectares, também maior que a anterior em 20% (de 80,5 mil para 96,9 mil hectares.
HORTICULTURA – As folhosas foram as mais afetadas pela geada, principalmente a céu aberto. A batata, principal produto do Estado, está menos vulnerável por ser subterrânea, mas a parte externa pode ter sofrido danos. Estufas com manejo adequado conseguiram preservar parte da produção.
Alguns produtores podem ter tido perdas totais. A expectativa é de aumento nos preços devido à redução da oferta. Já a recuperação das culturas pode acontecer em até 90 dias, dependendo da estrutura e da preparação de cada produtor.
No caso da batata, a primeira safra teve desempenho 48% superior ao ano passado, ajudada pelo clima. Já a segunda safra cresceu 11%. Quanto ao tomate, foi identificado um novo vírus, mas o manejo evitou perdas maiores. A segunda safra caiu 16%, mas a produção se recuperou nos campos mais recentes.